O sentido de nossas ações é instável, chega ou se vai a qualquer momento. Nunca o temos definitivamente, nem é tarde para encontrá-lo. Mantê-lo vivo exige delicadeza, atenção, sutileza. Localmente, é possível ver sentido em cada ação imediata: ir ao trabalho, estudar, procurar parceiros para os projetos e cúmplices para a vida. De modo mais amplo, não é simples vislumbrar a racionalidade das ações pessoais, nem um sentido último para a vida.
É possível viver sem se preocupar com isso; em geral o fazemos, até deparar com uma experiência crucial: a morte de uma pessoa próxima, um desencontro profissional ou amoroso, um episódio que mina nossa fé na justiça ou nas pessoas. Emboscada por sentimentos de desilusão ou de tristeza, a razão fraqueja e a vida perde o sentido.
Entregar-se à armadilha é um luxo de minorias: para escapar, no entanto, não se pode negar o que se sente. A vida é sentimento e somente uma razão sensível pode subsistir. Decididamente, o que não é sentido, não faz sentido.
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