Diz-se que a natureza tem horror ao vácuo: um espaço vazio é um permanente convite ao preenchimento.Também no ser humano, o vazio existencial tem algo de horroroso, e buscamos preenchê-lo com afazeres diversos.
Encadeamos razões imediatas para justificar nossas ações: para ir à escola ou ao trabalho, para realizar cursos ou tarefas que conduzirão a outros cursos ou tarefas, numa sucessão interminável de compromissos. Escapa-nos, no entanto, o sentido último de tais ações. Mal lembramos de como começamos e não sabemos onde queremos chegar. Inconscientemente, seguimos, até que um acontecimento crucial nos faça parar para pensar. Diante de uma perda severa, de uma morte inexplicável, indagamos: qual o sentido de tudo isso?
Enfrentar tal questão exige fé e coragem; fugir dela é mais simples, mas é condenar-se a uma vida medíocre, em que os meios são confundidos com os fins.
O cúmulo da mediocridade é concebermo-nos como meros hospedeiros de espirais de DNA, que se reproduzem indefinidamente.
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