Nenhuma ordem é mais conhecida que a alfabética. Em diferentes culturas, as crianças a repetem de cor, antes mesmo de aprender a sequência numérica. Em casos de suposta embriaguez, a polícia considera a capacidade de recitá-la um indício de sobriedade. O abecedário, no entanto, ostenta uma incrível arbitrariedade.
De fato, não existe razão lógica para o fato de “b” suceder “a” e anteceder “c”, que por sua vez, é sucedido por “d”, e assim por diante. Consoantes e vogais intercalam-se de modo caótico. Entre as consoantes, labiais, dentais, guturais etc. sucedem-se sem uma “lei de formação” que torne razoável a recitação universal: a, b, c, d, e, f, g, h…
A irracionalidade da ordem alfabética não impede, no entanto, que ela constitua um instrumento fundamental na ordenação das palavras e na organização do mundo. Os dicionários inspiram continuamente “bichionários”, “frutionários”, “brinquedionários”, “plantionários”…
Aqui, como em nenhum outro lugar, a ordem parece nascer do caos.
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