Uma música antiga já alertava: “uma esmola para um homem que é são ou mata de vergonha ou vicia o cidadão…” No discurso de nosso sanfoneiro maior, mesmo sem o rótulo de “politicamente correto”, o fio de bigode era uma garantia, a palavra devia ser honrada, o cinismo e a mentira eram exceções, direitos e deveres conviviam como faces de uma mesma moeda.
Hoje, a vida é mais complexa, a política tornou-se um grande espetáculo, a impotência do homem comum aumentou, e, no jogo econômico de cartas marcadas, cada vez mais o mundo se divide entre vencedores e perdedores. Se não se podem alterar as regras do jogo, nem a ideia de valor que subjaz, criam-se programas sociais supostamente compensatórios, com bolsas e cotas de diferentes tipos. Tais recursos funcionam como amortecedores para carências e iras, amainando males e consciências graves.
Em cenário político de anestesia ética, tal recurso parece funcionar. Afinal, como registra um provérbio zulu, “um cão com um osso na boca não ladra…”
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