Certa vez, em jornal de grande circulação, um educador respeitável iniciou seu texto semanal com a frase: “Não acredito na Educação”. Uma afirmação desse tipo pode servir como preâmbulo de uma argumentação que explicite as mazelas educacionais e defenda com nitidez ideias para saná-las. O “não” deve inserir-se em um contexto de ressalvas que o transmutem em um “sim”. Deve ser mera provocação, artifício para chamar a atenção, como olhar fixamente para o Norte, mas caminhar em marcha ré, rumo ao Sul. Pode tratar-se de uma tentativa de situar a questão que se examina muito além de um simples “sim” ou “não”. Em qualquer caso, no entanto, um juízo como esse envolve uma enorme responsabilidade.
Há autores que têm o gosto pela provocação. Podem perder o amigo, mas não perdem a piada bem arquitetada. Mas uma provocação não tem a dignidade de um aforismo; se não estiver a serviço de uma ideia efetivamente relevante, torna-se mera bravata, ou um estilhaço de uma bomba irresponsavelmente detonada.
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