Como pessoas, representamos papéis na família, na escola, no trabalho, em funções públicas ou privadas. A sociedade é um complexo sistema de atribuição de papéis. Como protagonistas ou coadjuvantes, temos o dever moral de dar o melhor de nós mesmos. Somente conseguimos tal fato quando os papéis estão em sintonia com nosso “fundo insubornável”, na feliz expressão de Ortega.
A sintonia fina com a vocação profunda torna cada pessoa única e inconfundível. Bem antes dos gregos, os maias já consideravam vital a busca de tal motor original, único antídoto contra a hipocrisia. Hipocritéseram os atores que roubavam papéis de outros e os representavam com se fossem seus: o espetáculo era falso, carecia de autenticidade.
Hoje, a vida social e econômica tornou-se um grande espetáculo. Nos universos político e da propaganda, parecer é mais importante que ser. A hipocrisia é quase uma regra e a autenticidade claudica.
A consciência de tal fato é o primeiro degrau da resistência; resistir é preciso.
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