Houve um tempo em que a matéria era simples e o espírito, complexo. A Ciência cuidava da matéria, com suas poucas partículas elementares, regidas por leis matemáticas; a Metafísica tratava do espírito, com suas questões quase sempre mal formuladas e respostas nebulosas.
Hoje, a divisão do território já não é tão simples. As chamadas partículas elementares multiplicaram-se. Muitas delas, nunca observadas diretamente, têm a existência postulada a partir dos efeitos que produzem, em nome da harmonia, ou para salvar leis de conservação.
A complexidade da moderna física das partículas exige uma confiança absoluta em certos princípios não demonstrados experimentalmente; a realidade da matéria parece tão inefável quando a do espírito.
A extensa folha de serviços prestados pela Ciência serve para justificar toda a tolerância com o caráter hipotético de tais princípios incertos; se fôssemos igualmente tolerantes para com as questões relativas ao espírito, certamente no mundo haveria menos ateus.
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