Quanto mais restrito a tarefas rotineiras, freqüentemente algoritmizáveis, mais o trabalho humano se torna passível de ser substituído pelas tecnologias informáticas. Não importam o nível de competência técnica, a formação em nível médio ou superior: médicos, jardineiros, engenheiros, eletricistas, padeiros ou cientistas podem desempenhar funções estritamente rotineiras, ou encontrar espaço, cada qual em sua área, para pensar criticamente e dar guarida ao novo. Um exercício profissional para se caracterizar como uma atividade efetivamente humana pressupõe a possibilidade de uma atuação pessoal, analítica, com espaço para a criação.
É fundamental, no entanto, a compreensão de um fato básico: nenhuma atividade profissional, por mais criativa que seja, pode dispensar o exercício de tarefas rotineiras. “Repetir, repetir, até fazer diferente” é o recado sábio do poeta Manoel de Barros. A inspiração alimenta-se da transpiração; sem o suporte de atividades rotineiras é quase impossível criar.

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