Advogado e professor de Direito, Tobias Barreto (1839-1889) era um grande polemista. Para se contrapor à comum caracterização do peru como um animal estúpido, escreveu um pequeno livro – Filosofia do Peru -, em que registra sinais de sabedoria na aparente obtusidade peruana. Ainda está por ser escrita uma obra igualmente pertinente – Filosofia do Bode -, para fazer justiça a um dos animais menos prestigiados nas avaliações do senso comum.
Na mitologia grega, foi um bode que inspirou Dionísio na idealização e na fabricação do vinho. Nas origens do teatro, um coro de sátiros – seres metade humanos, metade caprinos – constituía as tragédias (tragos oidos, ou coro de bodes). Diz a Bíblia que um bode pagava o pato, ou seja, um bode (“expiatório”) era responsável pela expiação dos pecados humanos.
No nordeste brasileiro, um homem comum é chamado de “cabra”, e a expressão “cabra macho” costuma ser encarada como elogio. Não é demais lembrar que “cabra macho” é bode. Definitivamente, viva o bode!
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