Temos razões para nossas ações imediatas, mas o sentido mais amplo de nossa existência é um problema em aberto. As religiões oferecem respostas cômodas para os mais impacientes; a maioria, no entanto, não se satisfaz, e persiste na busca do sentido último da realidade. Tal busca é a religiosidade. Ela não depende da crença em um Deus pessoal e pode ser encontrada fora da seara das religiões.
Em Da Religiosidade, Vilém Flusser afirma:
… a literatura, seja ela filosófica ou não, é o lugar no qual se articula o senso de realidade. E “senso de realidade” é, sob certos aspectos, sinônimo de “religiosidade”.
Em entrevista ao Jornal do Brasil (1/11/10), José Saramago propõe:
A literatura é o resultado de um diálogo de alguém consigo mesmo.
Fechando o círculo, em A presença ignorada de Deus, Viktor Frankl define:
Deus é o parceiro dos nossos mais íntimos diálogos conosco mesmos.
A decorrência lógica é inevitável: Deus e o sentido último da realidade encontram-se na literatura.
É ler para crer.
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