Os números são vertiginosos: são publicados mais de 900000 novos livros por ano; a maior parte de nós não lê mais do que alguns deles. As vitrines de uma grande livraria nos dão a impressão de que já se escreveu quase tudo sobre quase tudo.
A banalidade de grande parte dos temas é evidente e chega a produzir náuseas. Somos tentados a pensar que se escreve demais, escreve-se por escrever, sobre temas efêmeros como fogos de artifício. Mas ler e escrever nunca é demais; apenas exige discernimento, orientação, mapas de relevância.
Em A náusea, Sartre compõe um personagem que busca o conhecimento por meio da leitura de todos os livros existentes, em ordem alfabética: primeiro, todos os que têm títulos começando pela letra A, depois a letra B etc. A ingenuidade da empreitada é evidente. Nem tudo o que foi escrito merece ser lido. É preciso mapear o que é relevante, descartar o que não interessa aos nossos projetos.
A leitura e a escrita são viagens; sem mapas, nos perdemos, ou perdemos tempo.
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