Diz-se que Colombo descobriu a América e Marconi inventou o rádio. Não se diz que Picasso descobriu Guernica, nem que Newton inventou a Gravitação. A distinção parece simples: descobrimos o que já existia e não era percebido; inventamos o que criamos, o que nasce da ação realizada. Mas nem sempre as coisas são tão simples.
Torricelli, ao descobrir a ascensão do mercúrio em um tubo invertido, inventou o barômetro. Platão, ao criar a ideia de poliedro regular, descobriu que existiam somente cinco tipos de tais poliedros; Thom, ao inventar a ideia de Catástrofe, constatou que são sete seus tipos básicos. Como ficamos, então?
Não parece possível a distinção nítida entre descoberta e invenção. Descobertas não ocorrem espontaneamente, ao vagarmos por terrenos desconhecidos. Criações também não surgem romanticamente, de inspirações acidentais ou como dádivas das musas.
Descobrir é criar possibilidades; criar é descobrir virtualidades. Em ambos os casos, exigem-se intenção, organização, método.
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