Eis um exercício de matemática simples e cruel: a soma dos PIBs de todos os países do mundo totaliza algo em torno de 60 trilhões de dólares (dados de 2010); dividindo-se tal soma pela população mundial (quase 7 bilhões em 2011), obtemos uma renda per capita de mais de 8500 dólares. Em média, o mundo vai bem, mas a riqueza do mundo é cada vez mais mal distribuída.
A riqueza do mundo (2011) é o título de um livro de ensaios breves de Lya Luft. Em um deles, a contabilidade acima é examinada com sensibilidade poética e acuidade política. Como a criança da fábula, ela pergunta: A riqueza do mundo não é para manter vivas e dignas as pessoas?
Há mais de uma década, o indiano Amartya Sen já anunciara: os problemas da economia mundial decorrem de uma perversa inversão: em vez de meio para a promoção da liberdade das pessoas, o desenvolvimento tornou-se um fim em si mesmo.
As conseqüências são inevitáveis: afinal, matar a metade da população dobra o PIB per capita, com a mesma produção; ou não?
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