A técnica é uma atividade produtiva tipicamente humana, que busca minimizar os esforços nas ações de adaptação da natureza ao modo de ser humano. Em Meditação da Técnica, Ortega identifica três períodos em sua história: a técnica fortuita, a técnica do artesão e a técnica cindida.
No primeiro, a técnica é partilhada por todos, e os instrumentos surgem de ações não intencionais. No segundo, a multiplicação de tarefas conduz à subdivisão das mesmas e ao trabalho do artesão. Cada um sabe fazer o próprio calçado, mas se torna mais conveniente delegar tal tarefa aos sapateiros. Os artesãos aperfeiçoam o processo de produção e a evolução natural faz surgirem as primeiras máquinas. Aos poucos, porém, elas passam a predominar na produção de objetos específicos, subordinando o artesão a seu fito e ritmo.
Inicia-se, então, o terceiro período, em que a técnica se descola do técnico, e este, do mero operador das máquinas. Sobrevém o perigo: o homem não pode tornar-se mero apêndice de equipamentos.
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