A multiplicação das disciplinas conduz a uma fragmentação nos conteúdos. Diluídas em pormenores, as ideias não têm vida e o significado do que se estuda não se torna visível.
Há dois tipos de fragmentação disciplinar. A primeira decorre de um esgarçamento nas relações entre os temas, em razão de certo “corporativismo” disciplinar. Trata-se de um fenômeno horizontal e o discurso da interdisciplinaridade, ou do estreitamento de tais relações, visa a sua inibição.
Outro tipo de fragmentação merece atenção. Em sintonia com a especialização crescente, intradisciplinas têm sido criadas no interior de disciplinas, numa espécie de fragmentação vertical.
Em cada tema, no entanto, quanto mais descemos aos pormenores, mais precisamos buscar um olhar do alto, uma visão mais abrangente, uma compreensão transdisciplinar do que se estuda. Não deve ser por acaso que uma língua cheia de preciosismos, como o latim, reservou a mesma palavra (altus) para expressar a um só tempo as ideias de alto e profundo.

30/10/2012

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