Na construção do significado, a imagem da rede é muito sedutora. Nós e relações traduzem a realidade das múltiplas interconexões, do entrelaçamento dos temas, da complexidade do real. A rede amplia o espaço das implicações causais, opõe-se ao mero encadeamento linear e põe em relevo correlações menos ambiciosas, às vezes mais ricas. Inspira e ancora metáforas fecundas, sugerindo macrovisões e prototeorias.
Mas a rede não sobrevive como conceito sem a parceria e a cumplicidade dos mapas. Na apreensão do significado, as redes relacionam quase tudo com quase tudo, e aproximam o relevante e o irrelevante. Numa busca sobre o verbete corpus, academias de ginástica, fabricantes de iogurte, habeas corpus, Corpus Christi, interconectam-se promiscuamente. O discernimento exige que às diversas relações sejam associados distintos pesos, o que conduz à construção de um mapa de relevâncias, a recobrir a rede. A contiguidade não é garantia de valor. Navegar na rede sem um mapa é um convite à perdição.

17/11/2012

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