A imagem é recorrente: vivemos enquanto nos lançamos em busca de objetivos prefigurados, a vida flui como um rio de projetos. Sonhos, ilusões, utopias situam-se à montante, alimentando tal fluxo; planejamento, avaliação, escolhas conscientes de trajetórias são fatores à jusante, na realização efetiva do que se projeta.
Um fato associado a tal imagem é a comum tripartição do tempo, em que o passado encontra-se lá atrás, e o futuro, sorrateiro, nos aguarda lá adiante. Da sintonia com a visão da vida como um rio de projetos, uma reinterpretação é natural: águas passadas situam-se lá adiante, podemos contemplar diante de nós; é o por vir, ou o futuro que se encontra lá atrás, e tem um encontro marcado com cada um de nós.
A questão parece apenas retórica, mas há implicações na vida cotidiana. Contemplar o que já passou é essencial para projetar o futuro, tanto quanto o é imaginar o que ainda está por vir. Passado, presente, futuro entrelaçam-se continuamente: o presente é o futuro do passado.
05/12/2012
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