Maquiavel fundamentou e a Contra Reforma praticou sem o mínimo pudor a máxima controversa: Os fins justificam os meios. Trata-se, porém, ontem, como hoje, de um emblema problemático.
Fins e meios entremeiam-se inextricavelmente, numa liga homogênea, solidária. Nunca se dispõem em extremos diametralmente opostos, no terreno dos valores. Não desperta admiração ou respeito o bem que se alcança por meios ilícitos, nem lutar de forma limpa garante a justeza e a pertinência do combate. A sintonia entre meios e fins é sempre eticamente desejável. Um discurso teoricamente consistente é um meio para conduzir à prefiguração de metas desejáveis, sustentadas por valores. A falta de sintonia entre os fins e os meios é a marca mais visível da falta de integridade. A integridade pessoal é um valor supremo que consiste, essencialmente, na construção da integração entre o discurso e a ação, entre os meios e os fins.
Na vida ou na política, nada parece mais perigoso do que um tirano com uma causa justa.
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