Diz-se que a Fé move montanhas; mesmo parados, no entanto, ela nos mantém em pé. Toda ação a pressupõe. Discernimos o sentido local, mediato ou imediato, de nosso gesto; o sentido último somente advém da Fé. A razão de estarmos vivos, a crença em que nossa vida pessoal faz diferença, ninguém pode nos atestar de fora, é fruto de nossa Fé. Quando a perdemos, o mundo lá fora pode continuar exatamente como antes, mas desaba dentro de nós. O matemático em seus formalismos confia nos axiomas e extrai deles todas as consequências: se p, então q. Se duvida de um dogma/axioma, trata de substituí-lo, ou o sistema entra em crise. As religiões alimentam-se da Fé, mas a Fé religiosa é apenas um afluente do rio caudaloso que é a vida. Em sua Utopia, Thomas More é assertivo: quem não tem qualquer crença não é um ser humano. Aquilo em que cremos, no entanto, é de cunho pessoal: não existem igrejas em Utopia.
Apenas a Fé que nos faz, em meio à maior desdita, dizer da vida: é bonita, é bonita, é bonita.
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