Cuidar do outro, dar-lhe carinho, eis o sentido da caridade. A fundamental busca da ligação com os outros vai muito além dos limites de qualquer religião. Em sentido humano, não estamos vivos nem nos constituímos como pessoas sem os laços com os outros. Em tal sentido, o motor da ação humana é a doação, irmã siamesa da Caridade. Doamos/doamo-nos para criar laços. Os laços que estabelecemos com os outros são determinantes de nossa identidade. Aos familiares, reunimos os de amizade, os de parceria em variados âmbitos, os de solidariedade com as vítimas do que consideramos injusto, os de fraternidade com a totalidade do gênero humano. A Caridade não cabe dentro dos limites do mercado. A compra ou a venda de carinho é uma corrupção da ideia de caridade, uma aberração. Em nenhum lugar a máxima latina parece mais pertinente: a corrupção do ótimo é o péssimo. Dar volumosas esmolas pode não constituir um ato caridoso tanto quanto o é a cumplicidade de um olhar fraterno, afetuoso, compreensivo.
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