Contrapondo-se à posição extrema de um Deus que criou tudo ex nihilo, um químico francês do século XVIII registrou: Na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma. A própria água, que os pré-socráticos viam como um dos quatro elementos, Lavoisier revelou que não passava de uma combinação de hidrogênio e oxigênio na proporção de 2 para 1.

No que tange à caracterização da autoria, a internet parece fazer coro com o aforismo lavoisieriano. A complexidade da noção atual de autoria pode estar conduzindo à ideia de que, na rede, nada se cria, tudo se parafraseia. Trata-se, no entanto, de uma posição teoricamente insustentável, tanto quanto o é a visão romântica do autor como um Deus, criando a partir do nada.

É fundamental buscar um equilíbrio entre tais posições extremas. Apesar de seu pensamento revolucionário, Lavoisier acabou decapitado pela Revolução Francesa. Aceitar que o que nasce das redes informacionais não passa de eco de eco de eco… é, alegoricamente, perder a cabeça.

 

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