Em alguns contextos, é difícil argumentar sobre a necessidade da autoridade para viabilizar a vida em comum. A associação frequente e indevida entre autoridade e autoritarismo é imediatamente ativada, contaminando o discurso e inibindo a assertividade em certos temas.
Um antídoto para tal contaminação é a lembrança de que não existem duas palavras mais inextricavelmente ligadas do que autoridade e responsabilidade. Adentra-se o cenário de um discurso competente sobre a autoridade mais facilmente pela porta da responsabilidade. Quem reluta em assumir a responsabilidade pelas ações de outros nunca poderá exercer qualquer autoridade sobre eles.
A ideia de responsabilidade é um recurso especular absolutamente consistente, uma vez que não existe “autoridade irresponsável”: um descolamento entre as duas noções provoca automaticamente uma destruição mútua.
Uma reflexão sobre a função da autoridade, em qualquer nível, pressupõe, pois, um debruçar-se necessário sobre a responsabilidade inerente.
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