Estranha mercadoria é o conhecimento! Se vendo meu automóvel, o comprador fica com ele e me transfere seu dinheiro; eu fico com o dinheiro e sem o automóvel. Mas se conheço algo e alguém deseja comprar tal conhecimento, posso “vendê-lo” e não ficarei sem ele. Trata-se de um bem que não é fungível, não se gasta: quanto mais usamos, mais novo ele fica. Também não se pode falar de estoque de tal “mercadoria”. Diariamente, a expectativa de escassez ou do excesso de uma commodity , como o petróleo, influencia diretamente seu preço de compra e venda. Mas quem poderia falar de estoque do conhecimento? Quem controlaria tal estoque?

Sem dúvida, o conhecimento comporta uma dimensão mercadoria: pode-se comprar, trocar ou vender um livro ou uma aula. Mas o valor do conhecimento não se esgota em tal dimensão. Quem pensar apenas em termos de valor de uso e valor de troca, jamais entenderá, por exemplo, como se dá a relação entre professores e alunos. O conhecimento sempre envolve a dádiva, os laços.

 

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