O prefixo per é surpreendente e interessante. É simples assim: o que é perfeito é o que é feito da melhor maneira possível; o perdão é a melhor de todas as doações; perdurar é durar do modo mais perfeito; a perpendicular é o modo mais perfeito de pender, de estar pendurado. Em tais palavras, per indica excelência: fazer, doar, durar, pender “da melhor maneira possível”. Existem outras acepções para per. Em personalidade, por exemplo, a derivação é da palavra latina persona (pessoa), de origem em per + sonare, ou seja, “soar através de”.
A excelência do per pode nos deixar em apuros diante do tempo verbal “mais que perfeito”: não seria tal expressão uma contradição de termos, um oxímoro?
Nesse caso, a resposta é não. Os tempos verbais básicos são presente, passado (pretérito) e futuro. O mais que perfeito, no caso, refere-se ao passado: “Quando ele chegou, ela já se fora”. “Ela já se fora” é um passado anterior ao passado (ele chegou), é um mais que passado, mais que um mais que perfeito.
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