As relações entre pessoa e sociedade costumam situar-se entre dois extremos: uma visão marxista que enfatiza as determinações da infra-estrutura econômica, minimiza o papel da existência pessoal e sobreleva a razão histórica; e um esvaziamento do sentido da História, abandonando cada pessoa à própria sorte, em existências erráticas, inessenciais.
Em 1949, Mounier escreveu o que poderia ser uma síntese entre o Marxismo e o Existencialismo: O Personalismo. Em sua visão, o enredamento pessoa/sociedade decorre de cinco características da pessoa: a capacidade de descentrar-se, de sair de si próprio; a de compreender o ponto de vista do outro; a de assumir a responsabilidade pelo mundo; a de doar-se, fundamental para a criação de laços; e a de ser fiel a si mesmo, nas transformações ao longo da vida.
Numa disputa com os gigantes Marx e Sartre, Mounier foi um inspirado Davi. Mas faleceu poucos meses após seu livro vir a lume, antes que muitos pudessem se dar conta da fecundidade de seu insight.
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