Não é possível viver sem fé. Crer nos amigos, no amor, na verdade, na justiça, na humanidade, no ser humano: precisamos de algum tipo de crença. Acreditar em algo, confiar em algo é uma necessidade vital.
Em Utopia, Tomas More formula a questão da fé de modo simples: quem não tem qualquer crença não é considerado um ser humano, mas aquilo em que alguém acredita é do âmbito pessoal, não é para ser professado publicamente. Não existem templos em Utopia.
Em hebraico, a palavra correspondente a fé é emunah, que significa também firmeza. A fé exige firmeza, esperança, temperança. É muito mais fácil não acreditar em coisa alguma do que ter fé em algo. A desilusão, a desesperança são opções mais simples, que não exigem de nós grandes responsabilidades. Mas o mundo não resistiria à generalização de tais sentimentos: a falta de fé é e será sempre um luxo de minorias.
Em seu seminal Análise do homem (1947), Erich Fromm registra a fórmula que parece definitiva: a fé é um traço do caráter da pessoa.
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