O adjetivo “radical” costuma ter uma conotação negativa, sendo associado a uma forma de intolerância, ou a uma falta de flexibilidade teórica nas argumentações. Não é correta, nem é justa tal caracterização.
Ser radical é ir até a raiz dos problemas. Questões importantes apresentam camadas de microquestões superficiais que conduzem a desvios ou irrelevâncias. Manter o foco no que é fundamental é absolutamente necessário para uma reflexão consistente, e isso é ser radical. Uma reflexão filosófica é sempre radical, ou não será filosófica.
Nas raízes das questões relevantes encontram-se, no entanto, pares de ideias que se opõem. Elas parecem situar-se em extremos inconciliáveis: quem não está comigo, está contra mim. Aceitar tal visão simplória, que torna a escolha de um dos extremos aparentemente inevitável, é a origem infeliz dos extremismos. Ser radical é fundamental; ser extremista é apenas fruto da ignorância de quem não vê que entre o A e o não A existe um universo de possibilidades.
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