Há questões em que a resposta resulta da escolha de um entre dois extremos: um número natural é par ou é ímpar; um personagem de uma história infantil é do bem ou é do mal… A vida, no entanto, não se resume à matemática, com suas oposições binárias, que tudo reduzem ao par exclusivo Verdadeiro ou Falso, nem a um conto de fadas, povoado por heróis ou vilões, bruxas ou fadas, que representam nitidamente o Bem ou o Mal.
Ser extremista é acreditar que a vida é matemática, ou é um conto de fadas, o que ocorre por ingenuidade infantil ou mera ignorância. Num debate entre adultos, reduzir tudo à contraposição “quem não está comigo, está contra mim”, literalmente, é infantilizar a discussão. Na vida real, o bem e o mal passeiam de mãos dadas. Extrapolar oposições ou dilemas é um exercício fundamental para o crescimento pessoal e a semeadura da tolerância. De cada disputa entre A x não A nasce a possibilidade do novo, um B, que logo se pode confrontar com um provável não B. É a vida que segue.
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