Até que ponto é aceitável tratar um artigo científico como uma mercadoria em sentido industrial? Uma pós-graduanda do Cazaquistão criou um site, denominado Sci-Hub e ofereceu acesso gratuito a praticamente qualquer estudo científico já publicado. Seu nome é Alexandra Elbakyan e sua ação é  um protesto contra os chamados “paywalls” das revistas acadêmicas, cujas assinaturas são vendidas a bibliotecas de universidades por preços que variam de 2 mil a 35 mil dólares anuais por título, com margens de lucro superiores a 30%. Editoras de tais revistas estão movendo ações judiciais  contra Alexandra, que se rebela contra o fato de que nem os cientistas que produzem os artigos, nem os pareceristas ou revisores recebem qualquer pagamento, sendo a intermediação das revistas apenas um obstáculo à livre circulação do conhecimento. Existem revistas, inclusive, que cobram dos autores dos artigos uma taxa para publicação que pode variar de 1500 a 3000 dólares por artigo, numa inversão absurda de perspectivas. Em trabalho notável, publicado com o título Understanding Knowledge as a commons, a ganhadora do Nobel de Economia de 2008, Elinor Ostrom , defende a ideia de que o conhecimento deve ser tratado como um commons, conceito criado por ela para representar aquilo que deve ser partilhado livremente por todos os seres humanos, sem as limitações impostas às mercadorias, como o ar, a água, a internet. Trata-se de uma ideia poderosa, da qual ainda ouviremos falar muito.

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