Grande celeuma tem produzido a lei alagoana que supostamente proibiria ao professor tratar de política nas salas de aula. Numerosas críticas incisivas, ao lado de algumas tímidas defesas, têm sido feitas, mas tudo não parece passar de um grande mal-entendido. É impossível a um professor não tratar de política na escola. A formação para a cidadania, o cultivo de valores socialmente partilhados, a reflexão crítica sobre as normas reguladoras da convivência social, com a construção do discernimento entre a legitimidade e a legalidade de uma norma são funções da escola. O professor que se omitir em tais tarefas estará fazendo política – da pior qualidade – e não evitando a política. Mas ao professor, assim como ao médico ou ao juiz, no exercício de sua atividade profissional, não pode e não deve fazer política partidária. Como cidadãos, um professor, um médico ou um juiz podem filiar-se a um partido político e partilhar ideologias com os correligionários, mas um professor não pode agir na sala de aula como um militante partidário, nem um juiz pode exercer sua função em sintonia com as máximas ideológicas de seu partido. De tão evidentes, tais exigências parecem desnecessárias, mas, na realidade, não o são. Em todos os níveis de ensino, os abusos são muito frequentes. A escola e a família constituem espaços fundamentais para a construção da autonomia, mas não podem funcionar exatamente como uma democracia. Não elegemos nossos pais, nem nossos professores. Reiteramos que é impossível não trazer a política para a sala de aula, mas é absolutamente indesejável injetar venenos ideológicos em alunos em formação: política partidária, não!
*******8/julho/2016
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