O Futebol é um jogo meio preguiçoso. Há muitos toques de bola para o lado, muita preparação antes da ação. Quanto faltam alguns minutos para acabar o jogo, quase nada mais ocorre. A decisão no último minuto ocorre, mas é fenômeno raro. No Basquetebol, muito ao contrário, cada segundo parece precioso. Em poucos minutos cabem muitos pontos. O tempo que conta é o que é efetivamente jogado. As partidas que são decididas no final são muito mais frequentes. Sem ansiedade, sem pressão exagerada, seria interessante que o tempo de nossas aulas fosse mais para um tempo do Basquete, do que um tempo do Futebol. O Voleibol, por outro lado, nos traz outras lições no que diz respeito ao tempo: é a tarefa a cumprir que prefigura o tempo. Cada um dos sets acaba quando se alcança o número de pontos fixados pela regra do jogo. Dependendo da eficácia do time, pode-se ter que jogar mais ou menos sets. Seria muito interessante uma mescla de Voleibol com Basquetebol na gestão dos tempos das aulas. Mas um dos esportes mais surpreendentes em termos de articulação entre tempos e espaços é o Golfe. A tarefa do jogador é enunciada de modo simples: por meio de tacadas, a bolinha deve ser conduzida a um buraco inicialmente distante. As características das tacadas, no entanto, são muito diferentes quando começamos o jogo, nas primeiras tacadas, ainda muito longe, ou quando nos acercamos do buraco. A primeira tacada tem um objetivo muito amplo: aproximar-se o mais possível da meta. Pormenores não são tão relevantes, nesse estágio. Afinal, atingir o objetivo final com uma só tacada ocorre mas é extremamente raro. Mas quando chegamos perto do buraco, são justamente os pormenores que podem decidir tudo. Trocamos de estratégia e até mesmo de taco. E o tempo submete-se quase completamente ao objetivo final que se persegue. Na busca da realização de nossos projetos, na vida, um fenômeno similar ocorre. Alegoricamente, o Golfe tem muito a nos dizer sobre nossas ações ordinárias.
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