A Integridade é um valor fundamental na constituição da pessoa. Em primeiríssimo lugar, uma pessoa íntegra tem um quadro de valores que lhe provê um discernimento do que é certo e do que é errado. Todos temos dúvidas em diversos temas, mas é imprescindível que a formação pessoal tenha definido um quadro mínimo de certezas: se a dúvida prevalece em todos os temas, não pode existir integridade. Não basta, porém, ter um quadro de valores para ser íntegro: é preciso que as ações que realizamos reflitam tal quadro. Nada parece mais característico da falta de integridade do que uma ausência de sintonia entre as palavras que saem de nossa boca e nossa prática efetiva. A coerência entre o pensamento e as ações, no entanto, ainda não é suficiente para garantir a integridade. É possível que conheçamos pessoas com quadro de valores bem definido, que agem efetivamente em sintonia com tal quadro, mas que falham no que tange à integridade pela falta de integração com os outros. É o que ocorre, por exemplo, com alguém que diz algo como: “Eu não faço mal a ninguém, eu cumpro as leis, eu pago meus impostos, o resto que se dane…” Não podemos nos responsabilizar pelas desgraças globais, mas falta um pouco de integridade em quem não sente em si as dores do mundo. Uma pessoa íntegra é, portanto, uma pessoa inteira e uma pessoa integrada com os outros. Tal integração se realiza concretamente por meio da permanente abertura no quadro de valores. Continuamente somos levados a mediações em que um fechamento de tal quadro representa intolerância e fomenta desintegração. Algumas observações complementares, para fornecer a sombra necessária à luz que se pretende sobre a ideia de integridade:
– a integridade não significa sempre seguir as normas existentes; às vezes, para garanti-la é preciso quebrar regras;
– a integridade pressupõe honestidade, mas é mais que a honestidade, incluindo o compromisso e a iniciativa da ação;
– a integridade tem um antônimo, um polo oposto, um negativo; seu nome é Corrupção.
********SP 21-09-2016
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