Podemos simpatizar com pessoas que pensam diferentemente nós, que sentem diferentemente de nós, mas de quem superficialmente julgamos entender as motivações. Os laços que nos aproximam de pessoas que consideramos simpáticas podem ser bem frágeis. Já a empatia costuma traduzir um sentimento mais forte, como se, além de entender o outro, sentíssemos o mundo da mesma forma que ele. Próxima da empatia situa-se a ideia de compaixão, que traduz diretamente a sensação de sentir em si as dores do outro. O psicólogo canadense Paul Bloom escreveu um livro interessante e provocativo intitulado Against Empathy: The case for Racional Compassion (Contra a Empatia: A busca de uma compaixão racional). Nele ensaia a ideia de que a empatia não seria um sentimento positivo, chegando mesmo a tornar o mundo pior. Discordo radicalmente de tal modo de ver as coisas, mas acho apenas que as asserções mais notáveis do livro são meras provocações, como bem o traduzem tanto o subtítulo quanto as principais afirmações do autor ao longo do livro. De fato, o que ele busca é uma defesa do que chama de “compaixão racional”, registrando aqui e ali frases como “A empatia tende à irracionalidade, enquanto a compaixão deixa uma janela aberta para a razão”, ou “A empatia amplifica o prazer da amizade e da comunidade”, ou ainda, “Um mundo sem empatia seria terrível”. A impressão que fica, ao final, é que o autor quer apenas destacar a importância da razão, nas relações entre razão e sentimento, o que parece plenamente compreensível e aceitável. Tenho simpatia pela posição do autor; mais ainda: sinto por ele grande empatia.
*****SP 26-03-2017
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