Frações de Tudo

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Frações de mim

 

Eu procuro ser inteiro

Nas palavras, nas ações

Nas razões, nos sentimentos

A integridade é o mote

 

Mas convivo muito bem

Com meus ternos fragmentos

Sobretudo em momentos

Em que afloro ou pressinto

 

Porções de mim muito vivas

Heterônimos diversos

Com quem eu sempre converso

Alinhavam sentimentos

 

Quando reviso a vida

(Quem pode lembrar de tudo?)

Minha memória esquecida

Parte importante de mim

 

Numa fração de segundo

Nos vem à mente sem alarde

A caríssima metade

Que nos anima e fecunda

 

Há uma porção poética

Que resiste adormecida

E uma fração criança

Que vê sentido na vida

 

Razões, frações e porções

Convivem dentro de nós

Em natural harmonia

Sem pretensa hegemonia

 

Cuidar de tal condição

De cada nós é a missão

A cultivar com alegria:

É o pão nosso de cada dia.

 

 

 

Meio a Meio

 

Pessoa disse primeiro:

Ser grande é ser inteiro.

Mas, esquecer não se pode…

Como crescer de verdade

Sem nossa cara metade?

 

 

Felicidade

 

Fração da realidade

Arquipélago de ilusões

Hiato de tempestades.

 

 

Denominador comum

 

Diferenças assertivas

Não causam problema algum:

Caminhamos lado a lado

Cultivando o chamado

“Denominador comum”.

 

 

 

 

Dizimações

 

A razão era prosaica:

Uma simples divisão

Um algoritmo pedante

Assumiu a direção…

E a Aritmética namorou com a Robótica

Nascendo, assim, a Dízima Periódica…

 

 

 

 

Partilha

 

Ninguém é uma ilha

O outro é meu irmão

Partilha é razão

Razão é partilha

Que viva a fração!

 

 

Frações na vida

 

Inteiros, integridade

Animam a realidade

Mas Kant retruca e exorta:

Racional é o que importa.

Uma evidência vital:

Maioria irracional,

Complexidade real!

 

 

Razões, razão

 

Cardioides têm razões

Que a gente pouco conhece.

No círculo uma razão

Vai direto ao coração

Quem a vê, jamais esquece…

 

 

3/4 de um soneto

 

Teu olhar me ilumina

Como a luz que aqui anima

O opaco diamante

 

Tua boca me atiça

Me alimenta a liça

Pela tal felicidade

 

E em meu peito, arfante

Cresce a ideia sincera

 

De que há possibilidade

De a vida ser doce e vera.

 

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