A ideia de representação está em crise. As relações entre o representado e o representante, o ser e o parecer, o território e o mapa estão se tornando promíscuas.
Não nos sentimos bem representados pelos políticos. Nos papéis sociais ou nos esportes, o foco excessivo no protagonista mina a importância de coadjuvantes, sobretudo em termos salariais. Na arte, excessos figurativos em 3D contrastam com o abstracionismo de instalações herméticas.
Sobre o tema, Henri Lefebvre há muito já nos lembrou: viver, falar, pensar, criar é representar e a representação é sempre presença e ausência. Representar não é replicar uma presença: é instalá-la por meio de elementos sutis.
Na política, queremos participar dos debates, mas não nos tornar políticos profissionais. Em quase todo o mundo, os sistemas de representação política estão em crise. No afã de repensá-los, é preciso resistir à tentação de negá-los, partindo-se em busca de acessos diretos às fontes, como em plebiscitos ou referendos.

22/10/2012

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