A sabedoria popular registra: o que os olhos não vêem, o coração não sente. Uma variante similar é a afirmação de que quanto mais conhecemos, mais aumentam a consciência e a angústia resultantes do quanto ignoramos. Um pequeno desvio nessa trilha conduz à síntese matemática: a soma da consciência que temos com a felicidade que sentimos é constante.
Em O zero e o infinito, A. Koestler (1940) radicaliza tal questão, pondo na boca de um personagem a sentença trágica: A consciência se alimenta do cérebro como um câncer, até que toda a matéria cinzenta seja devorada.
Menos dramático mas igualmente incisivo é O. Flanagan, em The really hard problem (2011), ao afirmar: o problema realmente duro das ciências cognitivas não é o que é a consciência, mas a compreensão de como uma pessoa consciente vê sentido no mundo.
A observação sistemática dos fatos cotidianos é desanimadora, para quem busca um sentido para as ações humanas: manter tal expectativa é um ato de fé no sentido mais pleno da palavra.
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