Deu no jornal: A inovação também vai virar uma commodity. Uma manchete como essa somente pode derivar de mal entendidos. Registremos dois deles. Em primeiro lugar, há a pressuposição tácita de que o novo é um valor porque é novo, É simples assim: existem coisas novas que não são valiosas. Uma coisa nova pode ser valiosa, mas seu valor nunca deriva apenas de sua novidade. É preciso escarafunchar para descobrir a razão de uma novidade ser valiosa. Em segundo lugar, o processo criativo, que dá origem ao novo, passa bem longe do terreno das formalizações, das padronizações formais, do raciocínio lógico em sentido estrito. Há um espaço muito amplo em que somos guiados, nos processos criativos, por intuições, por indícios, por associações infralógicas, que não podem ser transformados em algoritmos, a ser reproduzidos disciplinadamente por quem quer que deles se utilize. Na produção de uma mercadoria pode-se desfrutar da criatividade nos processos, pode-se recorrer a técnicas sofisticadas de design thinking, mas não se pode reduzir o processo criativo a tais técnicas sem desvios descaracterizadores. O que não significa, no entanto, que não se possa ensinar de modo criativo, mas isto já é outra conversa.

******30-03-2016

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