Mesmo com presença marcante no cotidiano escolar, o caderno permanece na penumbra. Com o livro didático, constitui um par de instrumentos complementares. A linguagem de um deles constitui andaimes na construção do conhecimento; no outro, expressa a estabilidade do conhecimento organizado. E se o caderno espelha o sentido e a pessoalidade, do aluno e do professor, o livro representa os significados a serem partilhados com todos os leitores.
O uso equilibrado do par livro-caderno é fundamental para a construção da autonomia intelectual do aluno. Ela resulta prejudicada tanto no exagero quanto na subestimação do papel de um dos elementos. Nos dois casos, o desequilíbrio cria a dependência, quer em relação ao livro, quer em relação ao professor.
Em Memorial do Convento, Saramago afirma: “O mundo inteiro está dando respostas; é necessário o tempo das perguntas”; uma paráfrase pertinente é a seguinte: “O tempo todo, o caderno do aluno está dando respostas; é necessário o tempo das perguntas”
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