O novo não é um valor porque é novo: a criação é necessária para constituí-lo. Como bem disse o poeta, chorar não basta para dignificar a tristeza; e inovar não é suficiente para instituir um valor. O verbo criar apresenta duas acepções importantes, uma delas muito mais expressiva do que a outra. Criar algo como se cria um filho, ou um fazendeiro cria gado, não tem o mesmo sentido da criação artística ou da inovação criadora. É preciso criar na acepção nobre do verbo, que pressupõe a manifestação da essência em forma concreta de existência. Em sentido humano, o criador não pode se limitar à inovação que deriva do ativismo radical de uma comunidade de formigas, nem pretender, no processo criativo, extrair tudo de dentro de si, como uma aranha ao produzir sua teia. O verdadeiro criador reconhece-se como hóspede da criação, como cunhou Steiner, e se encontra em algum ponto entre a produtividade lavoisieriana, que apenas combina e transforma o que transporta, e a criação divina, ex nihilo.
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