Sinteticamente, existem apenas dois grandes gêneros literários: poesia e prosa. Vico pretendia que, na evolução natural da expressão humana, a poesia teria antecedido a prosa. Para o mercado, no entanto, a poesia tem uma importância muito pequena. “Poesia não vende” é uma máxima comum no meio livreiro. Há quem sublime tal fato, afirmando que poesia não vende porque a poesia não se vende. Mas existem razões mais prosaicas para isso.
Na leitura, em geral, o comunicativo predomina sobre o poético, o expressivo. A poesia pressupõe leitores dadivosos. A leitura de um poema exige entrega, doação, abertura para o outro. Não se lê um poema como se lê um jornal ou uma bula. O pragmatismo das ações estratégicas não abre espaço para a expressão poética e leitores dadivosos são raros. Há muito mais gente que escreve poesia do que que lê poesia. Há muito mais gente preocupada em publicar textos do que buscando ler textos, sobretudo nas hostes acadêmicas. Assim, não sobra muito espaço para a poesia.
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