Com graça e experiência de quem já viveu muito, amealhando múltiplos pontos de vista, nossos avós costumam ser cheios de teorias.
Certa vez, em meus primeiros anos como professor, minha vó me inquiriu sobre o que estava a fazer. “Preparo uma aula”, respondi circunspecto. “Aula de quê?”, retrucou. “De Matemática, sobre Regra de Três Composta”, anunciei com ar sério. “O que é isso?”, cobrou minha vó. “É assim, vó: 3 operários fazem um muro de 15 metros em 4 dias; se forem 6 operários, para um muro de 24 metros, …”
Nem acabei direito a frase e ela decretou: “Meu filho, isso não funciona!”.
“Como não funciona, vó? É a ideia de proporcionalidade em ação. Se todos os operários trabalham com a mesma rapidez, então…”
Ela me interrompeu, peremptória: “Na vida, não é assim. Se 3 operários fazem o muro, para que você vai colocar 6 operários? É muita gente para pouca tarefa. Os 6 vão levar mais tempo do que os 3 que você já tinha trabalhando.”
Eis aí um ponto de vista, um modo de ver, uma teoria.
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