Para muitos, não haveria como falar no sentido da vida sem invocar algum tipo de divindade. Personalidades complexas, como Pascal ou Dostoiévski, parecem absolutamente pragmáticas ao enfrentar tal questão. Para o primeiro, uma aposta contra a existência de Deus somente tem a perder; apostar a favor é mais “lucrativo”; para o segundo, a divindade é um freio moral, pois “se Deus não existe, tudo é permitido”. Nada mais distante da busca kantiana da verdade e da justiça como princípios que transcendem toda particular crença e não pressupõem uma fé religiosa.
Mas Kant também era movido pela fé: uma fé inexorável na razão como uma luz e na boa vontade humana como princípio. O mal seria como a sombra, a ausência de esclarecimento, e a ciência nos salvaria.
Há muito, no entanto, o entusiasmo com a empresa científica arrefeceu e luz da razão perdeu o foco. A irracionalidade deixou de ser inaudita e o absurdo reivindica o diálogo. A fé no sentido dispensa intermediários: Deus é o sentido da vida.
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