Os jornais anunciam que o Banco X vai quebrar, ou que vai faltar combustível nos postos. As notícias não têm fundamento, mas os clientes correm para retirar o dinheiro das aplicações, ou formam enormes filas nos postos. O Banco X efetivamente quebra, e o combustível realmente falta.
Uma “vidente” me diz que, se eu ganhar na loteria, será com o número 21463. A partir daí, procuro apenas pelo número anunciado, e compro-o, cada vez que o encontro; desenha-se uma profecia que se auto-realiza.
Em cenário nebuloso, uma pesquisa eleitoral prefigura a vitória do candidato A. Uma parcela não desprezível dos eleitores é induzida, e passa a preferir o candidato A; a instabilidade da situação pode conduzi-lo à vitória.
Eis aí exemplos de uma causalidade reversa: o evento A é apresentado como a causa de B, quando, na verdade, é sua conseqüência. Não foi a quebra do Banco que gerou a notícia, mas a notícia que gerou a quebra do Banco.
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