Meu filho partiu sorrindo
Valente como um trovão
Tão cego como a justiça
Tão puro quantoo o orvalho.
Tinha o infinito nos olhos
E um bodoque no bolso
Esticá-lo era tão fácil…
E a munição era farta
Onde quer que se estivesse
Pelos caminhos do mundo.
Gigantes, pois, que viessem
Com olhos, assim, tão grandes,
Tão fáceis de se atingir
Bastaria uma pedrada…
Meu filho voltou ciente
Da existências de pedras
Cravadas em seu caminho
Pesadas, ásperas, sujas
Grandes demais para bodoques
E fáceis de se tropeçar,
Falou também de anões
de olhos muito pequenos
Difíceis de se atingir
Terríveis como como cupins
Minavam, ssolertes, frios
A madeira de seus sonhos.
Ah, meu filho, me perdoa
Se pareci convincente
Dissimulando o perigo
Ao sonhar junto contigo.
Perdoa-me também se às vezes
De tanto querer-te pleno
Fiz projetos para ti
Nãao chore mais, feche os ollhos
Que o coração nos guie,
Vamos sonhar no jardim.
Deposita teu bodoque
Nessa pera umedecida
Pelos limites de um cão…
Toma esta flor entre as palmas
De tuas mãos, abre a alma
E um novo estoque de sonhos
Inflará teu coração.
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