A sustentabilidade invadiu o discurso politicamente correto, às vezes de modo paradoxal. “Crescimento sustentável” é uma expressão com as características de um verdadeiro oximoro, como “claro enigma”, ou “doce fel”.
A degradação da energia e o crescimento da entropia de um sistema abandonado à própria sorte, como é o Universo, segundo a Ciência, conduzem à irreversibilidade do tempo.
O crescimento populacional e os recursos não renováveis tornam a sustentabilidade em sentido estrito uma quimera. Em última instância, ela exigiria um Universo em expansão, o que é apenas uma entre diversas hipóteses da Física.
É da seara da poesia que vem a evidência maior da insustentabilidade da sustentabilidade. Em O Mono Gramático, ao perscrutar o sentido da realidade e da linguagem humana, Octavio Paz proclama e reitera: “… a fixidez é um momento de mudança. A fixidez é sempre momentânea”.
A vida não pode ser congelada. A consciência e o equilíbrio são fundamentais, mas o que está vivo se esvai.
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