O modo de ser do ser humano é pretender ser, como bem caracterizou Julián Marías. Quem não está se lançando em busca de coisa alguma, quem não tem qualquer projeto (pro jactum = jato para frente) já faleceu, mesmo que não saiba disso.
Habitamos o espaço entre a realidade dos fatos e nossas fantasias mais diletas. Facto é o particípio passado do verbo latino facere (fazer). Os fatos já estão feitos. Não podemos ignorá-los, mas reduzir a vida a eles é limitar nossas perspectivas.
O vivido alimenta-se do imaginado, do que fazemos de conta, dos fictos. Sonhos, ilusões, fantasias, utopias, ficções são alimentos para nossos projetos. Ter ilusões é querer continuar jogando o jogo da vida.Iludere vem de ludus, jogo. Não vivemos de ilusões, mas não sobrevivemos sem elas. Sem ilusão não se faz projeto. Os fictos que idealizamos prefiguram osfactos que vivenciamos.
A ficção é fundamental para a vida. Em qualquer idade, sem a simbiose realidade/ficção, a vida humana descamba em mero fatalismo.
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