Um substantivo tem vida própria, designa algo por si só; um adjetivo sempre é tributário de um substantivo, ao qual se adjunta. Quando nos referimos à “técnica” como uma atividade humana, falamos de um substantivo ou de um adjetivo? A gramática pode ser esclarecedora.
Nas fases iniciais da civilização, a técnica é essencial, mas apenas adjetiva a ação; o substantivo, a substância da vida é o modo de ser humano. Mesmo como adjetivo, a técnica carece sentido: ninguém especificamente é “técnico”, ou todos o são.
O aparecimento do artesão conduz a certo descolamento entre a técnica e as atividades comuns, dando início a uma substantivação da “técnica”. É como se ela passasse a designar algo por si só, independente das ações humanas.
Na forma das modernas tecnologias, a técnica está, hoje, tão disseminada na sociedade quanto nas fases primitivas de nossa história. A diferença crucial é que nos primórdios, a técnica não era substantivo, e hoje, há quem subverta a gramática e a trate como tal.
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