Um aparente consenso em relação à atuação organização do Ensino Médio diz respeito ao excesso de disciplinas obrigatórias, apresentadas de modo fragmentado ou com mínimas interconexões. Uma reforma está sendo projetada há alguns anos, visando à construção de percursos disciplinares alternativos, em função dos interesses dos alunos. Ao longo dos 3 anos de curso, os alunos teriam um percurso comum de um ano e meio, seguido de um outro período, igualmente de um ano e meio, ao longo do qual poderiam escolher disciplinas com foco mais concentrado em uma das quatro grandes áreas: Linguagens, Matemática, Ciências Naturais, Ciências Humanas. Trata-se de uma ideia defensável sob vários pontos de vista, desde que a primeira metade do Ensino Médio tenha garantido uma formação mínima nas ideias fundamentais das quatro áreas, evitando-se as abordagens exageradamente técnicas tão costumeiras, em todas as áreas. Na segunda metade do percurso, as escolhas individuais concentrariam as atenções em uma ou duas das áreas, aprofundando-se o conhecimento inicial comum a todos. Tal organização tem sido criticada – o que não é um problema – mas com argumentos inadequados – o que é um grande problema. Diz-se que certas matérias não serão mais estudadas, que desaparecerão as aulas de tais ou quais disciplinas, que os professores terão sua carga de aulas diminuída. Isso somente faz sentido se as aulas de uma disciplina não despertarem o interesse dos alunos, o que é uma anomalia. O fato de uma disciplina não ser mais obrigatória não significa que seja proibido cursá-la; deve ser garantido aos alunos que, havendo interessados, a disciplina será oferecida. Ninguém seria proibido de cursar Sociologia, História, Física, Filosofia, Química, Biologia, ou qualquer outra disciplina, em decorrência do fato de não serem mais obrigatórias: apenas a inexistência de interessados limitaria a oferta. Cabe aos professores a responsabilidade pela apresentação dos conteúdos disciplinares de modo vivo e sedutor, despertando o interesse dos alunos. O que deveria ser explicitamente garantido pelos reformadores é que não obrigatório não é sinônimo de proibido.
*********SP 13-11-2016
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