Em um inspirado quadrinho (Hagar), há algum tempo, um feiticeiro explica: “As doenças são provocadas por seres minúsculos que flutuam livremente no ar.” Diante do olhar desconfiado de seu atento ouvinte, o feiticeiro conclui categórico: “São as Fadas do Mal”. Lembrei-me de tal tirinha ao ter notícia do artigo publicado na prestigiosa Revista Nature (Volume 537, p.427) sobre o efeito positivo da restrição alimentar sobre a reparação do DNA presente em nossas células. A cada dia, dezenas de milhares entre os bilhões de subunidades das cadeias de DNA que nos caracterizam como seres humanos e nos identificam sofrem lesões, sendo parte delas reparadas. O acúmulo de reparos não realizados conduz de modo natural ao envelhecimento. A pesquisa publicada revela que uma restrição alimentar pode favorecer a reparação de partes do DNA defeituoso, diminuindo a velocidade do envelhecimento, ou seja, prolongando a vida. Concretamente falando, o que se provou é que, em ratinhos de controle, condenados a morrer em poucos meses em decorrência de determinada doença, com uma redução programada da alimentação, passaram a viver em média 3 anos. Se realmente tais resultados se consolidarem e alcançarem pesquisas com seres humanos, darão muito o que falar, passando a relacionar-se com a produção de remédios destinados a melhorar a reparação de nosso DNA. Para o senso comum, no entanto, a mensagem maior que advém de tal notícia é o fato de que um jejum parcial e sistemático pode “dar um tempo” às células em sua contínua atividade de reparação provocada pelo desgaste natural. A Ciência está descobrindo agora o que as religiões há séculos já prescrevem: jejuar faz bem ao corpo… e à alma…
*********SP 17-09-2016
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