Apesar de frequentemente subestimada, é muito evidente a ideia de autoria no livro didático. Livros não brotam naturalmente do chão das práticas, nem de meros registros das atividades escolares. O autor tem uma intenção de iniciar os leitores em dado tema. O leitor interessado, por sua vez, reconhece no autor algum tipo de autoridade, deixando-se conduzir. Mas a ação docente exige sutileza, não pode ser desinteressada, nem ansiosa. O excesso de assertividade, o querer simplificar a qualquer custo é uma caricatura, é o “didatismo”, e pode tangenciar a intolerância. Mas a ausência de assertividade também não funciona: o autor, inegavelmente, tem uma intenção.
Comenius foi um dos primeiros a destacar a natureza criativa da didática. Seu seminal livro Didática Magna (1657) tinha como subtítulo “Tratado da Arte Universal de ensinar tudo a todos”. Em Comenius pode ser encontrada a raiz mais funda da fundamentação da ideia de autoria, da criação e da autoridade na construção do livro didático.
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